terça-feira, 20 de outubro de 2009
Liberdade para o Amor, para a Afetividade e para a Sexualidade.
A Bíblia não condena a Homossexualidade.
Amados Irmãos e Irmãs, a Liberdade é o mais sublime estágio que nos liga a Deus e ao próximo. Deus não é uma regra ou uma lei punitiva, bem disse São João: "Deus é Amor", e ainda na perspectiva de Santo Agostinho: "Amai e tudo Fazei".
A Bíblia não deve ser lida de forma literal, mas sim levando-se em consideração o contexto histórico em que foi escrita. Passagens bíblicas isoladas e fora de contexto foram usadas para justificar o racismo e a submissão das mulheres, assim como hoje são usadas para atacar os homossexuais. Mas todos somos iguais perante Deus.
Nesse Sentido devemos saber pensar e contextualizar para então sabermos que todos são livres para vivenciar o amor de acordo com sua subjetividade, mantendo a ética, a fidelidade, a paz e a respeitabilidade.
O Muito Reverendo Líder dos Anglicanos, Arcebispo de Canterbury, Dr. Rowan Williams, sabia e humanitáriamente escreveu exortando a todos os cristãos:
"de que uma ativa relação sexual entre duas pessoas do mesmo sexo pode refletir o amor de Deus de uma maneira comparável ao matrimônio, desde que haja o mesmo respeito e um pacto de absoluta fidelidade". 2001.
NÓS DA COMUNHÃO APOSTÓLICA ECUMÊNICA SOMAMOS AO AMOR E CONCORDAMOS COM A VIDA AMPLA E LIVRE, NO DIREITO SUBLIME E SOBERANO DE AMAR.
QUE TODOS POSSAM CONSTITUIR SEUS LARES COM AS BÊNÇÃO DO CRISTO REDENTOR!
Rev. + Frederico Toldo, Ph.D.
Vigário Geral da Comunhão Apostólica Ecumênica para o Estado de Minas Gerais
"Logo abaixo você encontrará um resumo monstrando que Deus não condena a homossexualidade.
1) Jônatas e Davi
“Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; muito querido me eras! Maravilhoso me era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres.” (2 Samuel 1, 26).
Muito bom saber que Davi era um homem segundo o coração de Deus. “Achei a Davi, filho de Jessé, homem conforme o meu coração...” (Atos 13, 22b).
Melhor ainda saber que foi deste mesmo homem, segundo o coração de Deus, que aconteceu um relacionamento intenso de amor e fidelidade. Todavia, não foi um relacionamento entre um homem e uma mulher. Esta é a história de Jônatas, um príncipe que desistiu de ser rei sobre Israel para que o amor da sua vida Davi reinasse em seu lugar. Mesmo sendo o sucessor na linhagem real de Israel, decidiu passar o reino para o seu amor e com ele desejar ser o segundo (1 Samuel 13, 17) . Esta é uma história que inspira auto-aceitação aos homossexuais por poderem visualizar a sua inserção em um dos contextos bíblicos mais belos das Escrituras Sagradas e da história da humanidade.
O tempo em que sucede a história era uma época em que as mulheres não tinham o seu devido valor. Eram tratadas, na sua maioria, como uma simples mercadoria. Naqueles tempos, as mulheres eram vendidas no mercado e tinham o seu valor auferido de acordo com quesitos como: virgindade, habilidades domésticas, dentição... Mais ainda, naqueles tempos, havia um tom de nobreza o relacionamento íntimo entre dois homens.
Líderes cristãos, com fim de tentar desvirtuar o real sentido desta história, costumam dizer falsas argumentações, para que os seus seguidores pensem que esta passagem fala apenas do amor “fileo” que significa “amor de amizade” no idioma grego. Sinceramente, nunca vi um homem que tivesse apenas amizade por outro homem dizer tais declarações, ter encontros de amor a ponto da alma de um se juntar ao de outro, de se encontrarem escondido, se abraçando, chorando e se beijando. Leia toda a história e aponte-me apenas um rapaz heterossexual no planeta que faça coisas deste tipo com um outro amigo heterossexual, apenas por questão de pura amizade entre amigos.
Além disto, é importante ressaltar, que somente no idioma grego há distinção das três formas de significação do amor e não no hebraico, que foi exatamente o idioma em que foi primeiramente narrada esta história. No grego, há o amor “fileo” – amizade; o amor “eros” – amor sexual e o amor “ágape” - a expressão máxima de amor como doação completa que se refere ao amor de Deus pela humanidade. O Antigo Testamento foi escrito em quase toda a sua totalidade no hebraico e algumas partes em aramaico. Nestes dois últimos idiomas a palavra “amor” é “amor” e “ponto final”.
Jônatas era príncipe, filho do Rei Saul, que naquela época reinava sobre Israel. Davi um dos homens mais belos do reino (1 Samuel 16, 12). Toda história gira em torno de um romance, de uma aliança, de um pacto de amor e fidelidade (1 Samuel 18,1-5). Uma história com direito a encontros secretos (1 Samuel 20, 1-23.35-42). Há muita emoção e paixão nas lágrimas, abraços e beijos (1 Samuel 20, 41). Momentos na vida do príncipe Jônatas de tanta angústia pela situação que Davi se encontrava em virtude do ódio de seu pai pelo mesmo que se recusa a comer (1 Samuel 20, 32-34). O pacto de amor foi tão forte que perdurou inclusive após a morte de Jônatas (1 Samuel 20, 12-17.42). Leia todos os capítulos que narram a história na Bíblia. Aqui destacamos algumas partes:
“E sucedeu que, acabando ele de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou, como à sua própria alma. E Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma. E Jônatas se despojou da capa que trazia sobre si, e a deu a Davi, como também as suas vestes, até a sua espada, e o seu arco, e o seu cinto.” (1 Samuel 18, 1.3-4).
“E Jônatas fez jurar a Davi de novo, porquanto o amava; porque o amava com todo o amor da sua alma”.(1 Samuel 20, 17)
“E quanto ao negócio de que eu e tu falamos, eis que o Senhor está entre mim e ti eternamente”. (1 Samuel 20, 23)
“E, indo-se o moço, levantou-se Davi do lado do sul, e lançou-se sobre o seu rosto em terra, e inclinou-se três vezes; e beijaram-se um ao outro, e choraram juntos, mas Davi chorou muito mais. E disse Jônatas a Davi: Vai-te em paz; o que nós temos jurado ambos em nome do Senhor, dizendo: O Senhor seja entre mim e ti, e entre a minha descendência e a tua descendência, seja perpetuamente.” (1 Samuel 20, 41-42).
“Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; muito querido me eras! Maravilhoso me era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres.” (2 Samuel 1, 26).
2) Eunucos
Deus fez a diferença dos sexos certamente para a procriação. Mas, qual a resposta atualmente a qualquer casal cristão que deseja não ter filhos? Certamente ao de poderem realizar o controle de natalidade e se esquivarem de deixarem prole.
Veja o que disse o Senhor Jesus quando foi perguntado sobre casamento e divórcio. “Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez. Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne?” (Mateus 19, 4-5)
O mais surpreendente ficou registrado na passagem a seguir: “Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber esta Palavra, mas só aqueles a quem foi concedido. Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do Reino dos Céus. Quem pode receber isto, receba-o.” (Mateus 19, 11-12)
Quem são estes “eunucos que assim nasceram do ventre da mãe”? Será que o Senhor Jesus não estava se referindo aos homossexuais? Podemos afirmar que Jesus falou: “Sei que nem todos poderão receber esta Palavra, mas na Nova Aliança existe e existirá sim os homossexuais que não se inserem neste plano de casamento de macho e fêmea ou de homem e mulher. Receba esta palavra quem puder.”
Estudando a terminologia “eunuco” na história do Antigo e do Novo Testamento, vemos que o uso da palavra eunuco era tanto para os homens castrados como para os homossexuais.
Nos filmes de época são os eunucos que cuidam de toda a beleza da realeza e das mulheres da Corte. Grande parte não eram os castrados, mas sim, aqueles gays mais extravagantes da história que até hoje contribuem para a beleza do mundo no universo feminino. Estes são os melhores estilistas, os melhores profissionais de estética e beleza e etc.
E por falar em beleza, foi o belo eunuco Bagoas quem rouba a cena na história do imperador "Alexandre, o Grande" como seu amor. Na Bíblia, encontramos diversas referências que falam dos eunucos. Dentre elas, em Atos, quando Filipe foi enviado pelo Espírito Santo a pregar e falar das Escrituras a um eunuco, alto funcionário de Candace, Rainha dos Etíopes. “E, indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado?” (Atos 8, 36)
3) Sodoma e Gomorra (Gênesis 18-19)
Muitos homossexuais foram enganados simplesmente por falta de conhecimento, porque não se aplicaram a conhecer e estudar a fundo as escrituras, a ter direção do Espírito Santo para compreender estas pouquíssimas passagens, que tão facilmente podem ser explicadas. Nesta parte, faremos uma abordagem a todas as passagens mal interpretadas contra os homossexuais.
Não pense que as interpretações do pecado de Sodoma e Gomorra foram sempre as mesmas interpretações. Na verdade, elas têm sido variadas entre os tempos e por último, para sustentar um preconceito, foi decidido por alguns afirmarem que a destruição havia sido por causa da “homossexualidade”.
Leia os textos dos capítulos 18 e 19 de Gênesis e sem “pré-conceitos” entenda realmente o que aconteceu. Perceberá que os homens daquelas cidades queriam “abusar sexualmente” dos anjos que chegaram a casa de Ló. Caso você nunca tenha ouvido falar, veja em livros de História, enciclopédias, internet... O assunto xenofobia que é a repulsa a coisas ou pessoas estrangeiras, medo e ódio aos estrangeiros.
Por que medo de nações estrangeiras? Lembra dos “Espias de Jericó”? Era uma tática de guerra que os povos da antiguidade enviavam seus espiões para examinar a terra e voltarem às suas contando sobre todos os procedimentos e andamentos das cidades a serem invadidas. Uma forma de intimidar ou refrear o envio de espiões era com o abuso sexual. Como curiosidade: um homem não pode ser estuprado, só a mulher. O homem é abusado sexualmente, para haver estupro é necessária a agressão a genitália feminina. Como o homem não tem, sempre é “abuso sexual”.
Voltando ao contexto, se fosse uma questão de homossexualidade pura e simples, por que haveria Ló de oferecer suas filhas virgens? Ele não seria tão estúpido para oferecer mulheres a um bando de homossexuais abusadores. Se ele ofereceu suas filhas, é porque sabia que os mesmos não eram homossexuais.
Esta situação de repulsa aos estrangeiros é logo encontrada alguns livros a frente do Antigo Testamento e pouco se fala sobre este texto. “Estando eles alegrando o seu coração, eis que os homens daquela cidade (homens que eram filhos de Belial) cercaram a casa, batendo à porta; e falaram ao ancião, senhor da casa, dizendo: Tira para fora o homem que entrou em tua casa, para que o conheçamos. E o homem, dono da casa, saiu a eles e disse-lhes: Não, irmãos meus, ora não façais semelhante mal; já que este homem entrou em minha casa, não façais tal loucura. Eis que a minha filha virgem e a concubina dele vo-las tirarei fora; humilhai-as a elas, e fazei delas o que parecer bem aos vossos olhos; porém a este homem não façais essa loucura.” (Juízes 19, 22-24)
Estas histórias apenas confirmam os assuntos que seguem, por isso é importante que vocês leiam com muita atenção. Este tipo de atitude para Deus é degradante. Abusar sexualmente de alguém, com o prazer de humilhar a uma orientação que não era natural para aqueles que faziam. Não havia qualquer vontade de partilhar uma vida a dois.
O profeta Ezequiel interpreta muito bem o pecado de Sodoma: “Eis que esta foi a iniqüidade de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado.” (Ezequiel 16, 49). Sodoma cometia abominação por essa hostilidade, separação, agressão ao ser humano, o que trazendo para o dia de hoje, podemos dizer que uma igreja homofóbica é a sodomita da atualidade, porque repulsa a pessoas, vidas, povos a que Deus aceitou em amor.
Jesus repreende com severidade as atitudes como estas comunidades de fé praticam. “E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? Ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber. Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então, eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.” (Mateus 25,38-46)
4) Levítico 18,22 e 20,13
Transcrevemos um e-mail utilizado em várias apostilas sobre a Bíblia e homossexualidade, mencionamos o da Rev. Yvette Dobe, é uma resposta que circula na Internet de autor desconhecido, a uma locutora de rádio evangélica norte-americana conhecida por sua homofobia embasada no Livro de Levítico.
“Querida fulana,
Gosto muito do Livro de Levítico e concordo que os cristãos devem sim viver debaixo da lei. Afinal, para que um sacrifício único e suficiente em Jesus Cristo? Para que uma Nova Aliança no Espírito deixando todo o conteúdo, rituais, sacrifícios da lei mosaica de lado? Mas tenho alguns problemas em cumprimento da Lei, será que você poderia me ajudar?
- Eu sei que quando eu queimo um bezerro no altar, como um sacrifício, o odor que se desprende é cheiro suave e agradável ao Senhor. (Levítico 1, 5-9) O problema são meus vizinhos. Eles dizem que o odor não é nada agradável e ameaçam chamar a Saúde Pública, que também não gosta do odor. Que devo fazer?
- (Levítico 11, 7-8) diz que ao tocar o cadáver de um porco me torna impuro. Poderei praticar algum esporte com bola feita de pele de porco, caso use luvas?
- (Levítico 11, 12) diz que comer marisco é abominação. É uma abominação maior ou menor do que a homossexualidade?
- Eu sei que não devo ter contacto com uma mulher durante o seu período menstrual (Levítico 18,19). O problema é; como saber? Sempre que pergunto, a maioria das mulheres se sentem ofendidas.
- (Levítico 19:19) Diz-me que não posso plantar tipos diferentes de sementes no mesmo campo, e nem usar roupas feitas de dois tipos diferentes de material. Devo concluir que serei condenado se tiver uma hortazinha no fundo do quintal com alguns vegetais e temperos, ou se usar uma camisetinha básica, de algodão e poliéster.
- A maioria das pessoas que conheço corta o cabelo de vez em quando, apesar de que isso é expressamente proibido (Levítico 19, 27). Estaremos todos condenados?
- (Levítico 21,16-20) declara que eu não posso me aproximar do altar de Deus se eu tiver um defeito físico. Eu uso óculos. Será que Deus faz “vista grossa” para este pequeno detalhe?
- (Levítico 25, 44) declara que eu posso possuir escravos ou escravas, desde que tenham sido comprados em um dos países vizinhos. Um amigo meu insiste que essa regra se aplica a argentinos e paraguaios, mas não a uruguaios. Poderia me orientar? Por que não me é permitido possuir escravos uruguaios?”
No Antigo Testamento, a Aliança de Deus com o povo de Israel dependia do cumprimento da lei, onde constam dos cinco primeiros livros da Bíblia chamado Pentateuco. Como a letra mata e o espírito justifica (2 Coríntios 3,6); Jesus Cristo trouxe a todos uma Nova Aliança. Como acontece dominicalmente na ministração da Ceia, seguindo os ensinamentos de Jesus falamos que estamos bebendo o sangue da “Nova Aliança”.
Isto significa que não precisamos viver no cumprimento das leis mosaicas, pois temos acesso direto a Deus pela Graça de Jesus Cristo, através do mesmo que se tornou a própria Palavra viva de Deus no Espírito Santo. Assim: “O fim da lei é Cristo para a justiça de todo aquele que crê.” (Romanos 10,4) Deus nos resgatou da Lei enviando o próprio Jesus para ser maldição por nós. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós.” (Gálatas l 3,13).
Veja que o fruto do Espírito também é amor e contra o amor nesta Nova Aliança de Cristo “não há lei”. “Mas o fruto do espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei. (Gálatas 5,22.23)
E ao insistirmos em continuarmos na prática da lei seremos malditos perante Deus. “Pois todos quantos são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.” (Gálatas 3,10)
Isto porque a Lei em nada aperfeiçoou e o propósito de Deus já era introduzir uma Nova Esperança. “Pois, com efeito, o mandamento anterior é ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou), e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual nos aproximamos de Deus.” (Hebreus 7,18-19).
Com estas preliminares, vamos ao texto de Levítico 18,22: “Com um homem não te deitarás, como se fosse mulher. É uma abominação.” Esta era uma lei que dizia a respeito do povo de Deus não se misturar com as práticas que se encontravam nos povos circunvizinhos.” Lembre-se de que, nesta época, o povo de Israel estava no meio do deserto e não fazendo a vontade de Deus, por questões de se misturarem aos costumes de outros povos, dentre eles práticas de idolatria, prostituição cultual, sacrifícios sexuais a outros deuses que sempre envolviam a questão do sexo “contra a natureza” dos mesmos.
Veja o contexto: “Não procedereis como se faz na terra do Egito, onde habitastes; não procedereis como se faz na terra de Canaã, para onde os conduzo”. (Levítico 18, 3) Analisando o contexto histórico, vemos que a prática homossexual no Egito e em Canaã consistia em cultos de fertilidade, envolvendo prostituição ritual, que era abominável para Deus. Todo tipo de prática sexual era utilizada nestes rituais, incluindo sexo homoerótico. Por exemplo, nestes rituais, famílias inteiras de agricultores quando desejavam uma colheita próspera, promoviam cultos de fertilidade nos templos destes outros deuses onde pais, mães, filhos... todos estes praticavam sexo ao mesmo tempo com os prostitutos cultuais em sacrifício.
O livro de Levítico não estava proibindo formas de relacionamento homossexual em amor, mas uma condenação a esta forma de adoração a outros deuses e também a esta forma de sacrifício idólatra, nada havendo com o Deus de Abraão. Podemos até dizer que era uma aversão a que heterossexuais pratiquem sexo homossexual com substituição da sua natureza.
Uma coisa que aumenta este ponto é a própria palavra, traduzida como “abominação” dos textos hebraicos do Antigo Testamento, que é somente utilizada num contexto de idolatria em toda a lei e especialmente nos escritos sacerdotais.
Hoje, vivemos no tempo da Graça, tanto é que não guardamos os sábados, os cristãos comem carne de porco e camarões (Deuteronômio 14,3-21), comem alimentos com sangue (Deuteronômio 12). Isto porque estas eram questões da lei, mas Jesus nos trouxe uma melhor Aliança.
A lei era muito preconceituosa, não permitia o livre acesso de todos a uma vida plena com Deus. Veja aqui: “Fala a Arão, dizendo: Ninguém da tua descendência, nas suas gerações, em que houver algum defeito, se chegará a oferecer o pão do seu Deus. Pois nenhum homem em quem houver alguma deformidade se chegará; como homem cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos. Ou homem que tiver quebrado o pé, ou a mão quebrada, ou corcunda, ou anão, ou que tiver defeito no olho, ou sarna, ou impigem, ou que tiver testículo mutilado.” (Levítico 21, 17-20).
Coitado de qualquer que tivesse o mínimo defeito. Imagine você que usa óculos, tem o nariz chato, teve uma doença de pele, quebrou a mão ou o pé... um portador de necessidades especiais, cego, coxo, corcunda, anão, eunuco (testículo mutilado), jamais teriam o livre acesso a Deus. Por isso, o apóstolo Paulo disse que a lei em nada aperfeiçoou.
Ouvi uma história muito interessante de um amigo judeu, quando perguntei sobre os judeus gays, que até hoje seguem a lei mosaica. Foi muito interessante a resposta. “Os judeus ortodoxos gays, que seguem a lei a risca, tem relacionamentos homossexuais sem muitas dificuldades. Você como advogado, Marcos, sabe que sendo uma lei é fácil encontrar uma brecha, o texto fala não se deitar como se fosse uma mulher. Assim eles resolveram o problema não tendo relação com penetração, pois não estaria nenhum dos dois como mulher fosse. E como na lei judaica não há referência alguma sobre sexo de mulher se deitar com outra mulher, como homem fosse ou coisas do gênero, não há problemas em relação às mulheres lésbicas.”
A lei se burla, por isso nossa Aliança com Cristo é a do Espírito Santo, pois a mesma não podemos burlar, temos que vivê-la em verdade, sendo justificados em Cristo. “E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê.” (Atos 13, 39).
5) Deuteronômio 23,17
Consideramos esta passagem, uma evidência de que as Escrituras Sagradas no Antigo Testamento estavam considerando a prostituição cultual e não o relacionamento de amor e compromissado entre duas pessoas do mesmo sexo. Veja o que consta do Livro de Deuteronômio, na versão correta da Bíblia de Jerusalém. “Não haverá prostituta sagrada entre as israelitas, nem prostituto sagrado entre os israelitas” (Deuteronômio 23 – Bíblia de Jerusalém). Veja, que como em outras passagens, algumas traduções mais tendenciosas colocam exatamente “sodomita” no lugar de “prostituto sagrado”. “Não haverá prostituta dentre as filhas de Israel; nem haverá sodomita dentre os filhos de Israel.” (Deuteronômio 23, 17) A troca só nos ajuda a compreender que a palavra sodomita é colocada como tradução da palavra “tebel”, que significa mais exatamente prostituto cultual.
6) Romanos 1, 21-28
Geralmente ouvimos falar que texto sem contexto é pretexto. Por isto, a primeira pergunta a se fazer é: que tipo de sexo era aquele? No verso 21, encontramos: “não o honraram como Deus” e logo em seguida dos versos 23-25 percebemos que o texto se refere ao pecado da idolatria. Nos versos 26-27, vemos o abandono do seu desejo natural, do seu prazer natural a uma vida de prática sexual desumanizada.
Mais uma vez o texto trata a relação sexual que não é advinda de um gesto de amor, de complemento de vida, de carinho, de unidade, mas “contra” a natureza. Pergunte a um homossexual o que é natural para o mesmo? É amar a uma pessoa do seu mesmo sexo? Você se complementa em amor igual a você ou com alguém de gênero diferente? A resposta será na hora. O natural para um homossexual é se relacionar com alguém do mesmo sexo. Ao tentar colocar uma pessoa de sexo oposto para um homossexual se relacionar será uma agressão mental e corporal.
Da mesma forma, converse com um heterossexual sobre o que seria natural para o mesmo. Como o mesmo teria uma vida completa não fugindo da sua natureza? A resposta seria com uma pessoa do sexo oposto.
Estudando o contexto do momento em que as Escrituras foram deixadas na história, literatura, filmes de época onde recentemente passou “Alexandre o Grande”... revela que a sociedade da época pouco se importava com a identidade sexual, tudo era sexo, tudo era prazer obstinado, desumano... na verdade, os mesmos sequer tinham uma natureza sexual, pois havia se perdido em meio aos cultos de fertilidade, criação dos adolescentes homens pelo Estado onde os homens se relacionavam sexualmente entre si, até quando se casavam com uma mulher, todavia, muitas vezes, era mais digno para muitas culturas o sexo com homens, porque as mulheres eram “sub-raça” quase como “animais de procriação...”
Observe que a Epístola é dirigida a uma Igreja que estava em Roma e a sociedade romana era uma sociedade misógina e abusadora. A forma de relação homoerótica existente era basicamente a relação desigual da pederastia ou sexo de adultos com crianças. Estes são relacionamentos sexuais contra a natureza!
De tudo, podemos concluir que a condenação de Romanos era a condenação heterossexual à prática do sexo gay simplesmente como uma forma de experimentar um novo conjunto de prazeres, estes não tinham a orientação gay inata. Da mesma forma, entendemos ser pecado um homossexual se relacionar contra a natureza com um heterossexual.
7) 1 Coríntios 6,9-10 e 1 Timóteo 1,10
“Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem "malakoi", nem "arsenokoitai", nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus.”
Nesta passagem, temos dois termos que chamam a atenção. O primeiro “malakoi” foi traduzido pela versão de Ferreira de Almeida, da Bíblia em Português, como “afeminados” e o segundo na mesma versão “arsenokoitai”, como “sodomitas”. Duas palavras traduzidas falsamente, uma adulteração das escrituras sagradas. Existe ainda uma outra versão na linguagem de hoje abominável, que recomendamos a você que jamais compre ou ainda se tiver risque em sua Bíblia as palavras e coloque as mais corretas. Não seja enganado!
Se o que falamos aqui não for suficiente, estude os textos bíblicos nos idiomas originais. É fácil hoje comprar em qualquer loja de artigos bíblicos, uma versão original na Bíblia, do Novo Testamento em grego e verificar estas palavras. Compre também um dicionário, veja as raízes das palavras no grego e observe facilmente fraude bíblica de algumas versões.
Hoje, agradecemos a Deus pela Bíblia de Jerusalém, em Português, que é atualmente a melhor tradução das sagradas escrituras dos idiomas originais. Isto porque ela não deu margem para interpretações humanas, mas pegou os escritos e traduziu quase que literalmente. É uma linguagem não tão literária, mas segura. Em português foi publicada pela Editora Paulus, em 2002. O texto que mencionamos de 1 Coríntios 6, 9 foi traduzido pela Bíblia de Jerusalém, “malakoi” como “depravados” e “arsenokoitai” como “pessoas de costumes infames”. Em 1 Timóteo 1,10 a palavra “arsenokoitai” se repete e veio na versão da Bíblia de Jerusalém como “pederastas”, ou seja, adultos que fazem sexo com crianças.
Estas duas palavras podem, de acordo com o contexto em que são utilizadas, ter mais de um significado. Mas, esteja certo que jamais terão qualquer sentido real com a palavra homossexual. Elas jamais podem ter um sentido conotativo, para um relacionamento de amor e fidelidade entre duas pessoas do mesmo sexo.
O termo grego “malakoi” literalmente pode ser traduzido como “mole”. E dentro daquela cultura misógina, de repulsa às mulheres, no primeiro século, podemos dizer que uma associação com a feminilidade era vista como negativa em termos morais. Assim, “mole como uma roupa de mulher” era uma descrição de qualquer tipo de comportamento de vaidade exacerbada e auto-indulgência, ou fraqueza de caráter. Um outro sentido para esta palavra é que “malakoi” poderia estar se referindo a prostituição cúltica masculina, que também era muito forte na época e na cultura romana.
O termo “arsenokoitai” que foi traduzido como “sodomita” na versão de Ferreira de Almeida, só tomou o rumo para se referir ao sexo homossexual na Idade Média. Provavelmente, alguns homossexuais poderiam estar incomodando alguns religiosos que não entendiam o que era de fato ser homossexual! É uma palavra com um significado muito obscuro, lembrando que é grande a quantidade de termos e palavras no grego clássico que significavam “comportamento homossexual”. E que o apóstolo não utilizou nenhuma delas, por isso o entendimento de que o comportamento em que se referia era muito específico.
Etimologicamente, podemos dizer que a “arsen”, quer dizer, macho e “koitos”, quer dizer cama. Este termo não possui nenhum registro na literatura grega antes de ser utilizada pelo apóstolo Paulo. Parece que o apóstolo criou esta palavra, ou seja, fez um neologismo. Isto faz com que o seu real significado tenha se perdido. Por isso, esta tem sido a palavra predileta para traduções interesseiras, sendo utilizada no passado para condenar todo tipo de prática sexual masculina, como, por exemplo, a masturbação.
“Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só, como se aquentará? E, se alguém prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa.” (Eclesiastes 4, 9-12). Melhor é serem dois, não cinco ao mesmo tempo, dez ou quinze... com fins de promiscuidade, libidinagem, fornicação. Aqui é companheirismo, apoio, sustento, amor, como já dissemos. Uma coisa importante a ser salientada é que sequer há menção neste texto no original, nem nas suas traduções, que seja homem e mulher, mas a idéia é que sejam duas pessoas."
Estudo teológico do pastor Marcos Gladstone que obtem o apoio e a chancela do Vigário Geral para o Estado de Minas Gerais: Rev. Frederico Toldo.
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Reverendo Frederico Toldo